Escolher um notebook de entrada exige atenção redobrada, sobretudo quando o orçamento máximo é de R$ 2.000. Dentro desse limite, o consumidor brasileiro se depara com máquinas que priorizam portabilidade, autonomia de bateria e preço baixo, mas sacrificam desempenho bruto e possibilidades de upgrade.
Este guia técnico analisa quatro modelos comuns nessa faixa de valor — Samsung Chromebook 4, Samsung Galaxy Book GO, Lenovo IdeaPad 1 (Ryzen 3 7320U) e ASUS VivoBook Go 15 — para ajudar você a entender prós, contras e cenários de uso de cada um.
Análise Comparativa dos Notebooks
Especificações do Samsung Chromebook 4
O Samsung Chromebook 4 aposta no sistema operacional ChromeOS, mais leve que o Windows, e em um hardware simples. O processador Intel Celeron N4020 (duas cores, sem multithreading) trabalha com 4 GB de RAM e 32 GB de armazenamento eMMC. A tela de 11,6 polegadas traz resolução HD (1366 × 768) e proporção 16:9.
Embora modesto, o chassi passou por oito testes equivalentes ao padrão militar MIL-STD-810G, incluindo choques de 50 cm contra placa de aço, o que garante resistência acima da média da categoria. A bateria, segundo a Samsung, alcança até 12,5 horas em uso típico — ponto a favor para estudantes que precisam de um dia inteiro longe da tomada.
Vantagens: robustez certificada, autonomia consistente, sistema operacional leve e atualização automática do ChromeOS.
Limitações: 4 GB de RAM não expansíveis, armazenamento limitado a 32 GB e desempenho restrito a navegação e edição de documentos online.
Para quem usa serviços em nuvem e prioriza simplicidade, o Chromebook 4 cumpre o básico. Contudo, tarefas como edição de imagens, múltiplas abas pesadas ou aplicativos Windows ficam fora de cogitação.
Samsung Galaxy Book GO: Performance e Bateria
Entre os poucos notebooks Windows até R$ 2.000 com plataforma ARM, o Galaxy Book GO utiliza o Qualcomm Snapdragon 7c Gen 2. O chip oferece eficiência energética elevada, refletida em autonomia declarada de até 18 horas na reprodução de vídeo. O conjunto inclui 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento UFS, mais rápido que eMMC tradicional.
A tela de 14 polegadas Full HD se abre a 180 graus, favorecendo uso colaborativo. O chassi traz espessura reduzida, baixo peso e certificação MIL-STD-810G em seis cenários (temperatura extrema, vibração, umidade e outros). Outro diferencial é o funcionamento silencioso, já que o chip ARM dispensa ventoinha.
Vantagens: autonomia longa, armazenamento veloz, boa qualidade de tela para faixa de preço, construção reforçada e operação sem ruído.
Limitações: apenas 4 GB de RAM (sem slot extra), compatibilidade de apps x86 via emulação ainda limitada e desempenho CPU ligeiramente inferior a processadores AMD ou Intel de mesma categoria.
Quem usa Microsoft Office, navega na web e consome streaming encontrará experiência fluida. Softwares específicos que exigem tradução x86 podem sofrer quedas de desempenho, algo a considerar se o objetivo for utilizar aplicativos clássicos sem versão ARM.
Lenovo IdeaPad 1 com Ryzen 3 7320U: Vale a Pena?
Nesta faixa de preço, o Lenovo IdeaPad 1 com AMD Ryzen 3 7320U desponta pela arquitetura Zen 2 de quatro núcleos e oito threads, entregando vantagem clara sobre Celeron ou Snapdragon básicos em cargas de trabalho multitarefa. Há 4 GB de RAM LPDDR5-5500 (soldados) e SSD NVMe de 256 GB.
O display de 15,6 polegadas HD adota painel TN, com ângulos de visão limitados, mas o espaço extra favorece produtividade. O sistema operacional linux facilita quem pretende instalar distribuições leves ou até mesmo migrar para Windows mediante aquisição de licença.
Vantagens: CPU mais potente do grupo, SSD rápido e capacidade de armazenamento superior.
Limitações: somente 4 GB de memória sem expansão, tela HD de contraste modesto e ausência de sistema Windows de fábrica.
Para usuários dispostos a trabalhar em Linux ou que futuramente pretendem investir em upgrade completo — trocando a placa-mãe não soldada — o IdeaPad 1 oferece melhor fôlego para tarefas de escritório, edição de texto pesada e navegação com várias abas. Ainda assim, a restrição de RAM soldada limita a vida útil do equipamento em cenários mais exigentes.
Lenovo IdeaPad 1i com Core i3-1315U: Custo-Benefício
O IdeaPad 1i mantém design semelhante ao modelo Ryzen, mas troca o chip AMD por Intel Core i3-1315U, de seis núcleos (dois de performance + quatro de eficiência) com suporte a Hyper-Threading nos núcleos P. Na configuração avaliada, o notebook traz tela HD de 14 polegadas, 8 GB de RAM e SSD de 256 GB.
A disponibilidade de 8 GB de fábrica já atende tarefas multitarefa moderadas e oferece margem de uso mais confortável para Windows 11. A versão com 15,6 polegadas e o mesmo conjunto costuma custar cerca de R$ 200 a mais, mantendo o mesmo teto de R$ 2.000 em promoções pontuais.
Vantagens: maior quantidade de RAM, CPU híbrida moderna com desempenho superior ao Pentium/Celeron, SSD rápido e possibilidade de expansão de memória (verificar variantes).
Limitações: painel HD TN com brilho modesto, ausência de porta Ethernet em algumas unidades e construção menos robusta que o Galaxy Book GO.
Para quem precisa rodar suites Office, chamadas de vídeo e aplicativos leves de edição, o Core i3-1315U entrega folga, e os 8 GB de RAM adiam o gargalo. É a opção mais equilibrada quando se consegue abaixo do limite de preço, embora a tela simples prejudique consumo de mídia.
ASUS VivoBook Go 15: Portabilidade em Foco
A linha VivoBook Go 15 foca design fino, baixo peso e variedade de cores. No varejo tradicional, a configuração mais comum combina Intel Celeron N4500, 4 GB de RAM e SSD de 128 GB, com tela HD de 15,6 polegadas. Contudo, no site da ASUS existem variantes mais atraentes equipadas com painel Full HD, até 8 GB de RAM e processadores mais fortes, como Ryzen 5 7520U ou Intel Core i3-N305, todos ainda dentro de carcaça leve.
Em termos de usabilidade, peso reduzido e bateria de longa duração favorecem estudantes que carregam o notebook diariamente. Entretanto, a versão encontrada abaixo de R$ 2.000 costuma ser a mais básica.
Vantagens: chassi leve, design elegante, presença de SSD a partir de 128 GB e tela grande para quem prefere laptop maior.
Limitações: em versões de entrada, apenas 4 GB de RAM e processador N4500 limitam multitarefa; versões superiores, embora melhores, frequentemente ultrapassam o teto de R$ 2.000.
Se portabilidade e estética são prioridade e o uso é restrito a navegação, streaming e editores online, o VivoBook Go 15 cumpre sua função. Para atividades mais intensas, a variante Core i3-N305 ou Ryzen 5 se torna fundamental, mesmo que isso implique ultrapassar o orçamento.
Notebooks até R$ 2.000: Pontos Fortes, Fracos e Recomendação Final
Os quatro modelos analisados mostram que, na faixa de até R$ 2.000, não há solução perfeita — apenas compromissos diferentes. O Samsung Chromebook 4 destaca-se pela autonomia e robustez, mas sacrifica memória e armazenamento. O Galaxy Book GO agrega tela Full HD e bateria de longa duração, porém sofre com apenas 4 GB de RAM e possíveis incompatibilidades de software x86.
O Lenovo IdeaPad 1 com Ryzen 3 7320U entrega o processador mais forte do grupo e SSD de 256 GB, mas fica preso a 4 GB de memória soldada. Já o IdeaPad 1i com Core i3-1315U oferece 8 GB de RAM de fábrica e CPU híbrida atual, sendo a escolha mais equilibrada quando encontrado em promoção. Por fim, o ASUS VivoBook Go 15 compensa com design e leveza, desde que o usuário aceite configurações de entrada modestas.
Recomendação: Se seu fluxo de trabalho inclui multitarefa moderada e você não abre mão do Windows, priorize o Lenovo IdeaPad 1i com Core i3-1315U pelos 8 GB de RAM e SSD rápido. Caso o objetivo seja estudo online, navegação simples e extrema mobilidade, o Samsung Chromebook 4 é suficiente, desde que você aceite viver em ambiente ChromeOS.
Veja também:
O Galaxy Book GO também se sai bem para quem valoriza autonomia e silêncio, mas atenção à compatibilidade de softwares. Por último, se portabilidade e visual são requisitos-chave, o VivoBook Go 15 básico cumpre, mas exija preços promocionais para compensar o hardware enxuto.
Independentemente da escolha, avalie a possibilidade de upgrades — sobretudo de memória e SSD —, verifique promoções sazonais e considere guardar um pouco mais se o uso previsto envolver edição de fotos, planilhas complexas ou múltiplos aplicativos simultâneos.
Em muitos casos, investir cerca de R$ 500 adicionais em um modelo com 8 GB de RAM e processador Core i5 ou Ryzen 5 garantirá vida útil maior e menor frustração a médio prazo.
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