Depois de anos dominando o segmento de e-readers em preto e branco, a Amazon finalmente traz ao Brasil o Kindle Colorsoft, primeiro modelo da empresa com tela colorida. Anunciado internacionalmente em 2023, o dispositivo chega ao país em duas versões – padrão e Signature Edition – custando o equivalente a quase três unidades do Kindle 16 GB convencional.
A novidade desperta curiosidade, mas também levanta dúvidas sobre seu real valor frente a alternativas mais baratas da própria marca. Nesta análise, avaliamos especificações, desempenho e proposta de uso para ajudar o consumidor brasileiro a decidir se vale a pena migrar para a leitura colorida.
Análise Completa da Tela Colorida
Especificações Técnicas do Amazon Kindle Colorsoft
A Amazon manteve a linguagem visual já conhecida dos Kindles: corpo compacto, bordas generosas para apoio dos polegares e acabamento em plástico fosco. O destaque técnico é o painel e-ink de 7 polegadas com densidade de 300 ppi em preto e branco e 150 ppi em cores. A fabricante afirma que o display é capaz de exibir até 4 000 tonalidades, suficiente para quadrinhos, gráficos, capas de livros e marcações multicoloridas.
Veja o resumo de cada versão:
- Armazenamento: 16 GB
- Bateria: autonomia prometida de até 8 semanas (30 min de leitura/dia, brilho 13)
- Certificação: IPX8 (resistência à água)
- Cor: preto
- Carregamento: cabo USB-C, recarga completa em 2,5 h (carregador 9 W)
Kindle Colorsoft Signature Edition
- Armazenamento: 32 GB
- Recursos extras: sensor de luminosidade (brilho automático) e carregamento sem fio
- Demais especificações idênticas ao modelo padrão
- Cor: preto metálico
É importante destacar que, segundo a Amazon, todos os lotes comercializados no Brasil passaram por correções de um problema que ocasionava tonalidade amarelada no display em unidades enviadas ao exterior no lançamento original.

Performance e Experiência de Uso
A leitura tradicional em preto e branco continua sendo o ponto forte: os 300 ppi entregam nitidez comparável aos modelos Paperwhite e Oasis, garantindo textos bem definidos mesmo sob luz solar direta.
O refresco em tinta eletrônica é o mesmo observado em Kindles anteriores, mas a Amazon declara ter trabalhado para reduzir atrasos de transição de página e tornar o Colorsoft “tão responsivo quanto o aplicativo do Kindle no celular”. Na prática, a virada de página se mostra um pouco mais veloz que no Paperwhite, ainda que longe da fluidez de um tablet LCD.
Quando entra em cena o conteúdo colorido, a densidade cai para 150 ppi. Isso significa que quadrinhos, ilustrações ou gráficos exibem menos definição que um tablet comum, mas a proposta e-ink compensa com conforto visual e eliminação de reflexos. Para leitores esporádicos de HQs ou livros didáticos com figuras, o resultado é aceitável. Já para quem busca fidelidade absoluta de cores, um tablet LCD ou OLED ainda oferece vantagem.
Outro diferencial é a função de marcação em quatro cores (amarelo, laranja, rosa e azul). O sistema agrupa destaques por tonalidade, recurso útil para estudantes ou profissionais que precisam organizar anotações temáticas. A interface é simples e segue o padrão minimalista do ecossistema Kindle.
Pontos Fortes e Fracos
Vantagens
- Tela colorida e-ink sem reflexo, ideal para leitura prolongada de quadrinhos e livros com figuras.
- Autonomia de até 8 semanas, mantendo a tradição de bateria longa dos Kindles.
- Resistência à água (IPX8), permitindo uso na praia ou piscina.
- No modelo Signature, brilho automático e carregamento sem fio aumentam conveniência.
- Integração completa com o ecossistema Amazon (Kindle Unlimited, Audible, Amazon Music como brindes de teste).
Desvantagens
- Preço elevado – custa quase três vezes um Kindle 16 GB convencional.
- Resolução em cores limitada (150 ppi), perceptível em quadrinhos detalhados.
- Sem evolução significativa em ergonomia ou iluminação em relação ao Paperwhite.
- Carregador de 9 W vendido à parte, aumentando o gasto total se o usuário não possuir um adaptador adequado.
Custo-Benefício
O fator preço pesa bastante na decisão. O Kindle 16 GB tradicional, referência de entrada no catálogo, pode ser encontrado por cerca de R$ 584, enquanto o Colorsoft chega ao mercado nacional por um valor quase triplo. Para quem lê majoritariamente romances, textos longos ou PDF em preto e branco, é difícil justificar o salto de investimento apenas pela possibilidade de visualizar capas coloridas.
O comparativo interno mais relevante é com o Kindle Paperwhite, que oferece iluminação quente ajustável, tela de 6,8″ com 300 ppi e certificação IPX8, tudo por um preço intermediário. Ele não traz cores, mas entrega experiência de leitura igualmente confortável por um custo menor.
Já para apaixonados por quadrinhos ou leitores técnicos que consultam gráficos e tabelas com frequência, o Colorsoft pode representar ganho de praticidade frente ao uso de um tablet, sobretudo por causa da ausência de reflexo e do menor cansaço ocular.
Nesse cenário, vale questionar se a Signature Edition compensa o acréscimo de preço em relação ao Colorsoft padrão. O dobro de armazenamento e o brilho automático interessam a quem carrega grandes coleções ou alterna leitura em ambientes variados. O carregamento sem fio é um luxo, mas não essencial, já que a bateria longa reduz a frequência de recargas.
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Vale a Pena?
O Kindle Colorsoft entrega uma solução sólida para quem sempre desejou um e-reader colorido, unindo autonomia extensa, interface conhecida e proteção contra água. Contudo, a resolução reduzida em cores e o preço alto limitam seu apelo ao nicho que realmente necessita dessa funcionalidade.
Recomendamos a compra para os seguintes perfis:
- Leitores de quadrinhos, mangás ou livros infantis que priorizam conforto visual e longa bateria.
- Estudantes ou profissionais que utilizam marcações coloridas em pesquisas e precisam de organização avançada de anotações.
- Usuários já imersos no ecossistema Amazon que preferem um e-reader puro em vez de um tablet convencional.
Não recomendamos se sua leitura for majoritariamente texto corrido em preto e branco ou se o orçamento for limitado – nesse caso, o Kindle Paperwhite continua oferecendo o melhor equilíbrio entre recursos e preço. Antes de decidir, considere ainda se um tablet de entrada pode suprir a demanda por cores com mais versatilidade (apps, navegação, streaming) a um custo semelhante.
Em suma, o Kindle Colorsoft inaugura com competência a era dos e-readers coloridos da Amazon, mas cobra caro pela novidade. Avalie suas prioridades de leitura: se a cor é essencial e você valoriza a experiência sem reflexos, o investimento faz sentido; caso contrário, modelos pretos e brancos do line-up Kindle ainda entregam o melhor custo-benefício para a maioria dos leitores brasileiros.
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