MG4 compacto será lançado na China

MG4 compacto será lançado na China com bateria semissólida e preço equivalente a US$ 16,5 mil

O mercado chinês ganhará em 4 de agosto uma nova versão do hatch elétrico MG4 equipada com bateria semissólida. O modelo da britânica MG Motor, controlada pela estatal chinesa SAIC Motor, será vendido por 120.000 yuans, valor que corresponde a aproximadamente US$ 16.500. Caso a informação se confirme, o MG4 se tornará o primeiro veículo elétrico compacto de grande volume a adotar essa tecnologia, até então restrita a protótipos ou automóveis de alto valor.

A bateria, fornecida pela fabricante chinesa QingTao Energy, utiliza apenas 5% de eletrólito líquido. Trata-se de um arranjo intermediário entre as células de estado sólido, que substituem totalmente o líquido por um componente sólido, e os conjuntos convencionais de íons de lítio. O pacote conta com 70 kWh de capacidade total, densidade energética de cerca de 180 Wh/kg e foi projetado para priorizar baixo custo, desempenho em clima frio e segurança.

Segundo dados divulgados pela montadora, o MG4 alcança 537 quilômetros de autonomia no ciclo chinês CLTC. Ao aplicar a redução de aproximadamente 35% normalmente observada quando os resultados são convertidos para o padrão de medição da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), a estimativa chegaria a 333 milhas (cerca de 536 km) para CLTC e 217 milhas (aproximadamente 349 km) em parâmetros EPA. O alcance supera o do BYD Seagull, que ostenta 415 km no mesmo protocolo chinês com baterias de fosfato de ferro e lítio (LFP) de 30 a 43,2 kWh.

A MG afirma que o pacote mantém desempenho e autonomia mesmo em temperaturas de –7 °C. Testes de perfuração e outros ensaios de segurança teriam sido concluídos sem indícios de risco de incêndio, característica relacionada à maior estabilidade térmica das células com eletrólito em gel. A proposta é oferecer alternativa aos conjuntos LFP, predominantes na China por custo reduzido, mas com desempenho inferior em baixas temperaturas.

A densidade de 180 Wh/kg fica abaixo dos 272 a 296 Wh/kg estimados para as células cilíndricas 4680 empregadas pela Tesla e distante dos 375 Wh/kg anunciados pela startup norte-americana Factorial para suas células semissólidas. Ainda assim, a engenharia da QingTao privilegia fabricação em larga escala e preço acessível, dois fatores considerados essenciais para a popularização do veículo.

O lançamento reforça a posição da China como principal polo de inovação e produção de baterias, além de indicar que tecnologias de estado sólido ou semissólido podem chegar a automóveis de entrada mais cedo do que se imaginava. Até o momento, aplicações do gênero em outros mercados concentram-se em protótipos ou modelos de luxo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Stellantis planeja iniciar testes de um Dodge Charger Daytona com bateria de estado sólido em 2025, enquanto Mercedes-Benz e BMW já instalaram conjuntos semelhantes em unidades experimentais do EQS e do i7.

No caso do MG4, a montagem com 70 kWh contribui para o alcance superior ao de rivais diretos, ao mesmo tempo em que mantém o preço final em patamar competitivo. A relação entre custo e autonomia pode atrair consumidores em busca de opção para uso diário ou viagens curtas, especialmente em regiões com boa infraestrutura de recarga, como a já consolidada rede chinesa.

A adoção de bateria semissólida em um modelo de 120.000 yuans sugere que a tecnologia pode tornar-se alternativa viável às células LFP também em outros segmentos. Além de custo e autonomia, o formato em gel reduz a propagação de calor, fator decisivo para montadoras que buscam reforçar a segurança de seus produtos.

Apesar do potencial interesse de outros mercados, a MG não sinalizou intenção de levar esta versão do MG4 aos Estados Unidos. Assim, consumidores norte-americanos e de outras regiões continuarão dependentes de opções com baterias de íons de lítio convencionais ou LFP. Paralelamente, empresas de tecnologia e montadoras ocidentais seguem investindo em pesquisa para aumentar densidade energética e desempenho, ainda sem previsão de atingir níveis de preço comparáveis ao do modelo chinês.

Com estreia marcada para o início de agosto, o MG4 semissólido representa um passo importante na transição de protótipos para produção em massa de baterias de nova geração. Se o desempenho em uso real confirmar as especificações divulgadas, o veículo poderá abrir caminho para que outras marcas adotem soluções semelhantes e acelerem a oferta de elétricos de baixo custo em escala global.

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